O TOMA-LÁ-DÁ-CÁ DA POLÍTICA BRASILEIRA
Aprendiz gosta de ler as entrelinhas das notícias.
O jornal Ita News de 12/05/2006, em quase uma página, relata a visita do deputado Paulo Sérgio à Itapeva. Quem da região já ouviu falar nesse deputado? O que ele veio fazer?
"Minha visita está sendo positiva, estou fazendo novas amizades, através do professor Zé Roberto, que é um amigo de muitos anos".
Prometeu fazer gestões junto ao goveno do Estado para liberação de verba para um estádio para atividades esportivas. Para quando? "É difícil prever."
Vice-prefeito Armando foi simpático e receptivo: "Toda visita de deputado que tenha ligação com o município é positiva". Armando mesmo explica a ligação do deputado com a cidade: "ele tem amigos na cidade".
Vice Armando reivindicou um ginásio de esportes, "ele é muito ligado nessa área". Para quando? "Nada é imediato, mas tem que ter um início."
O jornal publica várias fotos de vereadores, secretários e amigos com o deputado.
Resumo: o deputado fez a visita, prometeu verba para uma obra importante, a prefeitura reivindicou, as autoridades locais receberem bem o deputado, o jornal deu destaque para a notícia. Ok! E tomara que o ginásio saia mesmo, pois esporte é vida e a molecada precisa.
E as entrelinhas?
As entrelinhas revelam por inteiro como funciona a política brasileira do toma-lá-dá-cá. Não só em Itapeva. Não só essa visita, mas a de tantos deputados que fazem via-sacra pelas cidades, especialmente em ano eleitoral.
No nosso sistema eleitoral, não há vinculação de deputado com a região, como há em países que adotam o voto distrital.
O deputado atua em várias regiões, no Estado inteiro se quiser. Em cada municípios, troca "ginásios" por votos. Quanto mais "ginásios" conseguir, maior a chance de reeleição. Lideranças locais são destacadas pelas prefeituras para atuar como "cabo eleitoral" do "bemfeitor".
Em cada município, atuam vários deputados "benfeitores". Até na região, deputados já estão "nomeando" secretários municipais (cabos eleitorais de luxo, pagos pelo município).
A caneta que libera a grana é do governador (ou do presidente). Os deputados precisam da liberação de "pontes" e "ginásios" para sobreviverem politicamente. Noves fora, o deputado fica na mão do Executivo, para o que der e vier. E mais vai do que vem.
Uma função importante do Parlamento é a aprovação do orçamento. Em tese, o orçamento prevê os investimentos necessários em cada região.
O jornal Ita News de 12/05/2006, em quase uma página, relata a visita do deputado Paulo Sérgio à Itapeva. Quem da região já ouviu falar nesse deputado? O que ele veio fazer?
"Minha visita está sendo positiva, estou fazendo novas amizades, através do professor Zé Roberto, que é um amigo de muitos anos".
Prometeu fazer gestões junto ao goveno do Estado para liberação de verba para um estádio para atividades esportivas. Para quando? "É difícil prever."
Vice-prefeito Armando foi simpático e receptivo: "Toda visita de deputado que tenha ligação com o município é positiva". Armando mesmo explica a ligação do deputado com a cidade: "ele tem amigos na cidade".
Vice Armando reivindicou um ginásio de esportes, "ele é muito ligado nessa área". Para quando? "Nada é imediato, mas tem que ter um início."
O jornal publica várias fotos de vereadores, secretários e amigos com o deputado.
Resumo: o deputado fez a visita, prometeu verba para uma obra importante, a prefeitura reivindicou, as autoridades locais receberem bem o deputado, o jornal deu destaque para a notícia. Ok! E tomara que o ginásio saia mesmo, pois esporte é vida e a molecada precisa.
E as entrelinhas?
As entrelinhas revelam por inteiro como funciona a política brasileira do toma-lá-dá-cá. Não só em Itapeva. Não só essa visita, mas a de tantos deputados que fazem via-sacra pelas cidades, especialmente em ano eleitoral.
No nosso sistema eleitoral, não há vinculação de deputado com a região, como há em países que adotam o voto distrital.
O deputado atua em várias regiões, no Estado inteiro se quiser. Em cada municípios, troca "ginásios" por votos. Quanto mais "ginásios" conseguir, maior a chance de reeleição. Lideranças locais são destacadas pelas prefeituras para atuar como "cabo eleitoral" do "bemfeitor".
Em cada município, atuam vários deputados "benfeitores". Até na região, deputados já estão "nomeando" secretários municipais (cabos eleitorais de luxo, pagos pelo município).
A caneta que libera a grana é do governador (ou do presidente). Os deputados precisam da liberação de "pontes" e "ginásios" para sobreviverem politicamente. Noves fora, o deputado fica na mão do Executivo, para o que der e vier. E mais vai do que vem.
Uma função importante do Parlamento é a aprovação do orçamento. Em tese, o orçamento prevê os investimentos necessários em cada região.
No Brasil, inventaram as tais emendas individuais, espertamente para que os deputados possam fazer essa barganha.
Mas o Aprendiz aqui não passa de aprendiz. O filósofo político Roberto Romano da Silva, da UNICAMP, escreveu um artigo jóia sobre isso. Leia e confira.
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