Taxa de câmbio, emprego e renda, por YOSHIAKI NAKANO (FOLHA DE SÃO PAULO DE 16-07-06)
AS ATUAIS políticas monetária e cambial estão enterrando as esperanças de milhões de brasileiros de obter emprego e renda, que são as grandes demandas da população. A sobreapreciação cambial [DÓLAR BAIXO] é um problema gravíssimo e será de difícil solução no atual quadro internacional.
Aqueles que defendem a atual política argumentam que a sobrevalorização cambial [DÓLAR BAIXO] eleva o salário real dos trabalhadores, enquanto a depreciação cambial [DÓLAR ALTO] o reduz. Existem algumas falácias [ENGANO, ARDIL] que precisam ser apontadas e esclarecer que, numa visão dinâmica, há uma relação positiva entre taxa de câmbio competitiva [ALTO PARA ESTIMULAR A EXPORTAÇÃO], aumento de produtividade e elevação persistente do salário real dos trabalhadores.
Não há evidência empírica de que o salário dos trabalhadores brasileiros tenha sido impactado positivamente pela forte apreciação cambial [BAIXA DO DÓLAR] nos últimos três anos. Numa economia como a brasileira, com elevado nível de desemprego, há evidência de que no momento da forte apreciação cambial [BAIXA DO DÓLAR] , em 2004, a rotatividade no emprego aumentou e, aparentemente, houve queda nos níveis intermediários da escala de salário, enquanto na base houve ganho, provavelmente em razão do aumento do salário mínimo, e não da apreciação cambial [DÓLAR BAIXO].
É verdade que a depreciação cambial [DÓLAR ALTO], ao elevar os preços dos bens "tradables"[comerciável, negociável], reduz o salário real dos trabalhadores. Mas essa queda ocorre uma única vez e no curto prazo. Numa visão dinâmica e de longo prazo, a relação é oposta. Taxas de câmbio depreciadas [DÓLAR ALTO] e competitivas, ao aumentarem as exportações, geram emprego, aumento de produtividade e aumento persistente de salário real.
Vejamos duas experiências históricas, do Japão e da China, analisadas por Ronald McKinnon. O Japão, para reconstruir o estoque de capital destruído pela guerra e reempregar seus trabalhadores, desvalorizou o iene [VALORIZOU O DÓLAR] e manteve fixo o câmbio em 360 ienes por dólar de 1951 a 1971 para que as exportações dessem início ao processo de crescimento. Nesse período, o crescimento anual médio do PIB foi de 9,45% ao ano, a produtividade do trabalho aumentou 8,92% anuais, e o salário, 10% ao ano.
Nos EUA, nesse mesmo período, a produtividade do trabalho cresceu 4,5%, e o salário, 2,55%. Da mesma forma, a China, para absorver milhões de trabalhadores desempregados ou subempregados, desvalorizou o câmbio [VALORIZOU O DÓLAR] de 5,5 yuans para 8,7 yuans por dólar e, em seguida, estabilizou a taxa desde 1994. Desde então, até 2004, a produtividade do trabalho e o salário vêm crescendo à média anual de 12,3% e cerca de 13%, respectivamente.
Esses dados se comparam com os EUA, onde a produtividade e o salários aumentaram 2,7% e 3%, respectivamente. Vale lembrar que, no caso do Japão, a apreciação subseqüente [DÓLAR BAIXO] do iene desembocou na deflação e na estagnação dos anos 90.
Os dados mostram não apenas o papel fundamental da taxa de câmbio competitiva e estável para deslanchar o processo de crescimento forte e sustentado, associado ao aumento de produtividade e estabilidade de preços, mas o aumento de salário como mecanismo natural para equilibrar a competitividade internacional.
Em outras palavras, numa visão dinâmica, a depreciação cambial [DÓLAR ALTO] está relacionada ao aumento do emprego, da produtividade e do rendimento dos trabalhadores, que constituem a essência do processo de desenvolvimento.
YOSHIAKI NAKANO , 61, diretor da Escola de Economia de São Paulo da FGV (Fundação Getulio Vargas), foi secretário da Fazenda do Estado de São Paulo no governo Mario Covas (1995-2001). Passa a escrever neste espaço, mensalmente, aos domingos.
Aqueles que defendem a atual política argumentam que a sobrevalorização cambial [DÓLAR BAIXO] eleva o salário real dos trabalhadores, enquanto a depreciação cambial [DÓLAR ALTO] o reduz. Existem algumas falácias [ENGANO, ARDIL] que precisam ser apontadas e esclarecer que, numa visão dinâmica, há uma relação positiva entre taxa de câmbio competitiva [ALTO PARA ESTIMULAR A EXPORTAÇÃO], aumento de produtividade e elevação persistente do salário real dos trabalhadores.
Não há evidência empírica de que o salário dos trabalhadores brasileiros tenha sido impactado positivamente pela forte apreciação cambial [BAIXA DO DÓLAR] nos últimos três anos. Numa economia como a brasileira, com elevado nível de desemprego, há evidência de que no momento da forte apreciação cambial [BAIXA DO DÓLAR] , em 2004, a rotatividade no emprego aumentou e, aparentemente, houve queda nos níveis intermediários da escala de salário, enquanto na base houve ganho, provavelmente em razão do aumento do salário mínimo, e não da apreciação cambial [DÓLAR BAIXO].
É verdade que a depreciação cambial [DÓLAR ALTO], ao elevar os preços dos bens "tradables"[comerciável, negociável], reduz o salário real dos trabalhadores. Mas essa queda ocorre uma única vez e no curto prazo. Numa visão dinâmica e de longo prazo, a relação é oposta. Taxas de câmbio depreciadas [DÓLAR ALTO] e competitivas, ao aumentarem as exportações, geram emprego, aumento de produtividade e aumento persistente de salário real.
Vejamos duas experiências históricas, do Japão e da China, analisadas por Ronald McKinnon. O Japão, para reconstruir o estoque de capital destruído pela guerra e reempregar seus trabalhadores, desvalorizou o iene [VALORIZOU O DÓLAR] e manteve fixo o câmbio em 360 ienes por dólar de 1951 a 1971 para que as exportações dessem início ao processo de crescimento. Nesse período, o crescimento anual médio do PIB foi de 9,45% ao ano, a produtividade do trabalho aumentou 8,92% anuais, e o salário, 10% ao ano.
Nos EUA, nesse mesmo período, a produtividade do trabalho cresceu 4,5%, e o salário, 2,55%. Da mesma forma, a China, para absorver milhões de trabalhadores desempregados ou subempregados, desvalorizou o câmbio [VALORIZOU O DÓLAR] de 5,5 yuans para 8,7 yuans por dólar e, em seguida, estabilizou a taxa desde 1994. Desde então, até 2004, a produtividade do trabalho e o salário vêm crescendo à média anual de 12,3% e cerca de 13%, respectivamente.
Esses dados se comparam com os EUA, onde a produtividade e o salários aumentaram 2,7% e 3%, respectivamente. Vale lembrar que, no caso do Japão, a apreciação subseqüente [DÓLAR BAIXO] do iene desembocou na deflação e na estagnação dos anos 90.
Os dados mostram não apenas o papel fundamental da taxa de câmbio competitiva e estável para deslanchar o processo de crescimento forte e sustentado, associado ao aumento de produtividade e estabilidade de preços, mas o aumento de salário como mecanismo natural para equilibrar a competitividade internacional.
Em outras palavras, numa visão dinâmica, a depreciação cambial [DÓLAR ALTO] está relacionada ao aumento do emprego, da produtividade e do rendimento dos trabalhadores, que constituem a essência do processo de desenvolvimento.
YOSHIAKI NAKANO , 61, diretor da Escola de Economia de São Paulo da FGV (Fundação Getulio Vargas), foi secretário da Fazenda do Estado de São Paulo no governo Mario Covas (1995-2001). Passa a escrever neste espaço, mensalmente, aos domingos.
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